Vou aproveitar para contar uma história. Tenho um amigo músico tão talentoso, mas tão talentoso, que é a pessoa mais talentosa que conheci em toda a minha vida. Costumávamos fazer uma brincadeira musical insólita, que me encantou e convenceu da grande capacidade de percepção auditiva dele. Consistia no seguinte: eu tocava acordes de dez notas no piano. Eram acordes que "não existiam". E toma dissonância! E o Christian von Richthofen, este o seu nome, olhando pela janela, nunca para o teclado, cantava e nomeava nota por nota o que eu acabara de tocar. Naturalmente que eu fazia cachos de tons, pegava os trítonos, os adjacentes, os embolados, procurando sempre os mais descasados possíveis, variava os intervalos, num aleatório intencional. Eram os sons mais unheard, mais unheard-of que você possa imaginar. Ele matava todos, não escapava um.
Ainda não apresentei a ele o meu teminha allegro, que é dedicado a um amigo professor de música aqui de Bauru, George Vidal, grande e verdadeiro pedagogo, me thinks, que tem uma escola de música chamada Clave de Sol. Gostaria muito de ouvir o Christian entoando direitinho e afinadinho essa minha linhinha de minha lavra e autoria de que tenho orgulho. É tão intelectual, tão tratadística, que eu não sei cantar, repito, só sei tocar no piano, e improvisar sobre ela. Afinal, os talentos também são distribuídos desigualmente entre os músicos. Ô teminha sem-vergonha!
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Meu nobre amigo
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Um comentário:
Querido Gil, encontrei o seu blog por acaso e fiquei super feliz. No momento estou sem tempo para aproveitar melhor as boas coisas da internet e muito incluído o seu blog, então e portanto um grande abraço,muita luz, muita saúde e muita música...
George Vidal
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